quinta-feira, 30 de maio de 2024

Canta-me como foi há 50 anos

 No dia 17 de maio encerrou-se o ciclo de três espetáculos “Canta-me como foi há 50 anos”.


Estes espetáculos, criados e montados por um grupo de professores do AENSM, retomam a ideia que (desde há 24 anos) se tem vindo a repetir por altura do 25 de Abril – a celebração, mas também a interpelação, das razões e das promessas que essa madrugada trouxe ao país.


Desta vez, os espetáculos basearam-se no livro “Era uma vez o 25 de Abril”, de José Fanha, e permitiram levar para palco um conjunto de memórias e de momentos que importa não deixar desaparecer.


Numa sequência narrativa não linear, o espetáculo de quase duas horas, começou com a evocação das ex-colónias através da belíssima participação de um grupo de dança (SFGP) que coreografou a música “Galinhas do Mato” de José Afonso.


Passando depois pelo regresso dos retornados ou refugiados a Portugal após as independências africanas de 1975, o palco do cineteatro Paraíso permitiu agrupar as memórias mais dolorosas, os momentos mais inocentes e as promessas mais utópicas, tudo ilustrado com músicas que nos ficaram no ouvido e com pequenos sketches que trouxeram à cena os pequenos quotidianos hoje esquecidos ou mesmo desconhecidos dos mais jovens.


Foi, como sempre, um espetáculo divertido, mas sério, e às vezes emotivo, não deixando ninguém indiferente.



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Importa deixar registado que neste aniversário “redondo” da revolução dos cravos, a equipa de professores que  esteve à frente desta empresa (Ana de Carvalho, Joana Jacob, José Morgado, Júlia Quadros, Maria João, Zita Luís) fez questão de extravasar os limites do Agrupamento Nuno de Santa Maria e convidar o Jardim-Escola João de Deus, a Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, a Universidade Sénior de Tomar e o Agrupamento de Escolas de Ferreira do Zêzere para participarem diretamente na celebração do 25 de Abril. 


De facto, foi particular gratificante verificar que tantos, vindo de tantos lados, partilharam as mesmas convicções e o mesmo empenho em não deixar esquecer a luta pela liberdade e pela democracia.


E para terminar em beleza, o autor do livro “Era uma vez o 25 de Abril”, José Fanha, esteve presente neste dia 17 e fez questão de ele próprio, na primeira pessoa, declamar em palco o poema com que terminaria o espetáculo:



Nós nascemos para ter asas meus amigos.

Não se esqueçam de escrever por dentro do peito:
nós nascemos para ter asas.

No entanto, em épocas remotas
vieram com dedos pesados de ferrugem
para gastar as nossas asas assim
como se gastam tostões.

Cortaram-nos as asas
como se fôssemos apenas operários obedientes,
estudantes atenciosos,
leitores ingénuos de notícias sensacionais,
gente pouca,
pouca e seca.

Apesar disso,
sábios, estudiosos do arco-íris e de coisas transparentes,
afirmam que as asas dos homens crescem mesmo depois de cortadas,
e, novamente cortadas
de novo voltam a ser.

Aceitemos essa hipótese,
apesar de não termos dela qualquer confirmação prática.

Por hoje é tudo.

Abram as janelas.

Podem sair.



 

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(Fotos tiradas por alunos do Curso Profissional de Técnico de Multimédia)
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