segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

27 de janeiro - Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

O século XX foi, a muitos títulos, um tempo histórico excecional. São muitos a considerá-lo como “o século prodigioso”, pelas profundas e admiráveis mudanças que nele ocorreram: a extraordinária evolução da ciência e da tecnologia, com progressos igualmente extraordinários no quotidiano das pessoas; o acesso à educação e à cultura de massas, proporcionada pela escola, imprensa, rádio, cinema e televisão; as grandes transformações políticas, sociais, económicas e culturais, em muitas regiões do mundo; a maior democraticidade, rapidez e comodidade no acesso aos vários meios de transporte; a conquista gradual dos direitos fundamentais para a população e em particular para a maioria silenciosa, as mulheres; a duplicação da esperança média de vida (à entrada do século XX, situava-se nos 40 anos); a conquista espacial, a renovação das mentalidades… poderiam aqui apresentar-se centenas de exemplos desse tempo de constantes mudanças.

No entanto, o século XX foi, também, um tempo em que a desumanidade mais desmedida e brutal se manifestou em inumeráveis conflitos, em muitas regiões do nosso planeta e, em particular, nas duas Guerras Mundiais, iniciadas no centro da Europa (a Grande Guerra, entre 1914-1918; a 2.ª Guerra Mundial, entre 1939-1945) e que, no seu desenvolvimento, acabou por envolver, com maior ou menor intensidade, os restantes continentes.


Pira de sapatos de prisioneiros executados em Auschwitz, maioritariamente judeus

O que se comemora, o que se lembra, neste Dia? No início de 1945, os exércitos Aliados vão “encurralando” os alemães e a 27 de janeiro, o exército da União Soviética liberta os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, no sul da Polónia.


O Dia foi instituído através da Resolução 60/7 da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, a 1 de novembro de 2005. O objetivo deste dia é não esquecer o genocídio em massa de seis milhões de judeus pelos nazis - considerado um dos maiores crimes contra a Humanidade de que há memória – ao mesmo tempo que pretende educar para a tolerância e a paz. Outros objetivos são alertar para o combate ao antissemitismo, o negacionismo (através das “fake news”) e a desinformação em relação ao Holocausto.

O Holocausto está diretamente ligado à 2.ª Guerra Mundial, ao nazismo e às suas práticas dificilmente classificáveis, de tão hediondas, ao martírio do povo judeu, ao genocídio, ao Holocausto e à Shoah. Por ser assim, o Agrupamento de Escolas Nuno de Santa Maria comemora esta efeméride, num conjunto de atividades, direcionadas para os alunos dos 2.º 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário. “Para que a memória não se apague”.

Foram passados, e objeto de diálogo e partilha de ideias, vários filmes e documentários sobre o tema, feitos trabalhos de pesquisa sobre os principais carrascos nazis e sobre aqueles e aquelas que se ergueram na sua Humanidade merecendo destaque, no caso português, o admirável papel de Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus (cidade do sudoeste de França), que salvou cerca de 30 000 judeus, dando-lhes salvos-condutos para atravessarem a Espanha e, desse modo, chegarem a Portugal. E escaparem da morte anunciada.

Documentário RTP - Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul Injustiçado


Assim, desenvolveram-se diversas iniciativas, tais como “Escolas a Ler” – durante a semana de 30 de janeiro a 3 de fevereiro as turmas leram excertos de obras relacionadas com o Holocausto, previamente selecionadas pela equipa das Bibliotecas Escolares. Foi, igualmente, realizada a leitura coletiva, em voz alta, em que participaram todos os alunos da turma.

As leituras desta semana foram direcionadas para obras que retratam a essência do Dia e a brutalidade sem nome que associamos ao martírio do povo judeu, que o regime nazi diabolizou até ao limite da insanidade e quis apagar da História.

Na EDNAP foram trabalhados, em Oficina da Língua e Cidadania, um PPT relativo a Aristides de Sousa Mendes e um vídeo relativo a Anne Frank.

Documentário «Anne Frank - Vidas Paralelas»

Por sua vez, na ESSMO, os professores que integram o projeto +Humanidade trabalharam com as suas turmas o tema Holocausto, utilizando recursos selecionados da Fundação Shoah, da embaixada da Polónia e da campanha internacional Protect the Facts.

Ainda na ESSMO, no dia 8 de fevereiro, entre as 14.30-16.30 horas, realizou-se uma Sessão de cinema dinamizada pelo Clube Europeu, aberta a toda a comunidade escolar, no anfiteatro, com o visionamento do filme “Nevoeiro em Agosto» de Robert Domes. No final, foram os espetadores convidados a escrever num cartaz, afixado no polivalente da ESSMO, uma palavra/frase relativa ao filme que assistiram.

Documentário produzido para o lançamento do 10º aniversário do filme A Lista de Schindler





Também na EDNAP e na ESSMO: no espaço junto à biblioteca (EDNAP) e no polivalente, (ESSMO), dia 31 de janeiro durante todo o dia, projeção dos documentários Anne Frank, Vozes da Lista e A História da Fundação Shoah, através de Steven Spielberg e Aristides de Sousa Mendes, da RTP Ensina.

Quantos de nós, alunos, professores, pais, já não nos comovemos ao ver uma e outra vez filmes como A Lista de Schindler; O Rapaz do Pijama às Riscas; O Pianista, A Vida é Bela…..ou ler livros como a Banalidade do Mal, da filósofa judia alemã Anna Arendt, sobre o julgamento, em Jerusalém, de um dos dirigentes mais sanguinários e brutais do regime nazi: Adolf Eichmann.

Documentário «A História de Irena Sendler»


Terminamos este texto com o relato da Inês Roque, aluna do 9º B, que visitou o campo de concentração/extermínio de Auschwitz, quando tinha onze anos de idade. Este relato foi partilhado com a turma, integrado num trabalho de pesquisa em grupo.

«É difícil imaginar o horror que se viveu aqui! O engano a que estas pessoas vinham, o terror e a maldade a que estavam expostas e submetidas, tudo arquitetado e planeado por mentes perversas, com o único objetivo de infligir sofrimento, crueldade e morte! É um lugar muito triste, com uma carga pesadíssima e que me marcará para sempre. Considero muito importante visitar Auschwitz para que a memória persista e para não se voltarem a cometer os mesmos erros, tamanha desumanidade.»


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