Raquel Mineiro
domingo, 26 de abril de 2020
CoviDiário #10
Chegou o que nunca, nem nos piores pesadelos da nossa geração, nós pensaríamos que pudesse acontecer... as ruas gritam às paredes e às pedras da calçada que já não são tão pisadas como outrora, o mar sente a falta dos seus outros habitantes das praias em dias de calor, e nós sentimos a falta dele, da brisa, da maresia... sentimos a falta e de tudo o que não podemos ter ou fazer agora. Porque, agora, quando chove, as ruas choram sozinhas, pois toda a água que cai é sua; quando faz sol, escasseiam as sombras de movimentos no chão, as silhuetas pretas já não pairam sobre as pedras e as paredes dos prédios, porque as ruas estão vazias..., tão vazias que se soltarmos um grito, ele chega ao outro lado da cidade, por não haver obstáculos no caminho… as ruas estão mais vazias, mas as pessoas estão cheias... cheias de saudades, cheias de abraços que querem dar, cheias de pressa para que tudo recomece, cheias de afeto... porque é assim que nós somos, é assim que vamos querer continuar a ser.
sexta-feira, 24 de abril de 2020
CoviDiário #9
A minha carta para o outro lado da porta
Antes de mais, pergunto-me se todos os que dizem sentir saudades as sentem verdadeiramente... Vamos festejar tão intensamente como prometemos no início de tudo isto? Iremos, mesmo, compensar o tempo perdido, com quem dizemos ter tantas saudades: avós, tias, primas, irmãos, amigos?... Vamos, realmente, fazer uma mudança radical na nossa maneira de viver? Ou só fica bem dizer?
As nossas rotinas (aquelas por que morremos de saudades), que é feito delas? Em tempos já longínquos, tínhamos tudo aquilo de que precisávamos; no entanto, julgávamos não ter nada do que queríamos... E, agora, não temos, verdadeiramente, nada. Ou temos? Eu tenho esperança e fé, tal como a minha avó me ensinou, e, por isso, sei que vai ficar tudo bem.
Um pouco de sossego, abrandar um pouco. Não era isso que queríamos? Não nos queixávamos das nossas rotinas, de tarefas e deveres...? E agora? Agora, queremos ir a festas, conviver com amigos... Nós, alunos, queremos o impensável, queremos o “regresso às aulas normais, em condições normais”!... O (quase esquecido) baile de finalistas, ou, simplesmente, se não for pedir muito, as férias de verão, as verdadeiras, com muitos festivais, viagens e diversão... Queremos a rotina de volta... Pergunto-me se alguma vez estaremos satisfeitos. Queremos sempre aquilo que não temos? E, no fim, teremos saudades desta quarentena?
Do outro lado da porta a história muda. Muitas pessoas continuam com as suas rotinas, a lutar contra o possível colapso do nosso país: a salvar a mãe da madrinha, da melhor amiga, da vizinha da avó; a garantir a nossa segurança no meio desta confusão toda; outras, em contrarrelógio, procuram soluções com um único propósito: reverter a situação; muitas outras protegem e cuidam dos nossos avós (de lares falo); milhares continuam a levantar-se todos os dias, a limpar as ruas de cidades desertas; a viajar quilómetros para trazer stock aos supermercados ou, então, a levar o jantar encomendado a uma família; muitos padeiros fabricam pão, por volta das 4 da manhã, para, às 7, sair quentinho e saboroso, sendo, de seguida, o nosso pequeno-almoço... Pergunto-me se gostariam de estar em teletrabalho, em casa, das 9 às 17, ou simplesmente de não trabalhar, se tivessem oportunidade de escolha.
Um aspeto engraçado é que estas pessoas não param, por muito cansadas que estejam, por muitas saudades que tenham da casa, da família... Elas sabem que, direta ou indiretamente, a mãe da madrinha, da melhor amiga, da vizinha da avó dependem delas, tal como os restantes 10 milhões de habitantes em Portugal, os 741 milhões de cidadãos europeus... os 7,6 biliões de pessoas que constituem a população mundial.
Alguns podem dizer que só cumprem o seu dever, mas ficar-lhes-ei eternamente grata.
Laura Ferros de Azevedo
quinta-feira, 23 de abril de 2020
CoviDiário #8
Sábado, 11 de abril de 2020
Querido diário,
Neste momento, apenas te consigo falar de um assunto que é muito importante e que merece a atenção de todos.
Estamos a viver uma fase crítica, que é tudo menos um dos dias normais e repetitivos que eu sempre tive. Estamos há praticamente um mês em casa, devido ao famoso Coronavírus, e digo famoso pois, agora, tudo o que oiço é relacionado com ele, e cada vez mais me assusto com o facto de uma coisa tão pequena fazer tantos estragos e conseguir mudar tanta coisa.
É este mesmo vírus que matou e continua a matar milhares de pessoas em todo o mundo. Veio mudar as nossas rotinas e também os nossos pensamentos em relação aos problemas do mundo.
Confesso que não tem sido fácil estar em quarentena, mas também posso dizer que já estive pior em relação a esta situação, pois, agora, já estou a tentar não pensar tanto no assunto. Mas, se queres que seja sincera, acho que, por um lado, isto veio para ajudar o mundo.
Veio para nos dar a noção de que tudo aquilo que tínhamos como garantido pode desaparecer de um momento para o outro, e, por isso, temos que dar o devido valor a tudo o que o mundo nos propicia. Veio também ajudar a Terra, que já há tantos anos precisa de atenção e descanso, coisa que nunca lhe demos.
Gostava de saber quando e como vamos acabar com esta luta, mas é uma previsão impossível. E, apesar dos comportamentos indignos de algumas pessoas, que continuam a brincar com a situação, sei que, juntos, vamos conseguir vencer esta batalha. Apenas temos que continuar a lutar como temos feito até agora.
Afinal, apenas nos pedem para ficar em casa, em segurança. Será assim tão difícil respeitar isso?
Neste momento, apenas te consigo falar de um assunto que é muito importante e que merece a atenção de todos.
Estamos a viver uma fase crítica, que é tudo menos um dos dias normais e repetitivos que eu sempre tive. Estamos há praticamente um mês em casa, devido ao famoso Coronavírus, e digo famoso pois, agora, tudo o que oiço é relacionado com ele, e cada vez mais me assusto com o facto de uma coisa tão pequena fazer tantos estragos e conseguir mudar tanta coisa.
É este mesmo vírus que matou e continua a matar milhares de pessoas em todo o mundo. Veio mudar as nossas rotinas e também os nossos pensamentos em relação aos problemas do mundo.
Confesso que não tem sido fácil estar em quarentena, mas também posso dizer que já estive pior em relação a esta situação, pois, agora, já estou a tentar não pensar tanto no assunto. Mas, se queres que seja sincera, acho que, por um lado, isto veio para ajudar o mundo.
Veio para nos dar a noção de que tudo aquilo que tínhamos como garantido pode desaparecer de um momento para o outro, e, por isso, temos que dar o devido valor a tudo o que o mundo nos propicia. Veio também ajudar a Terra, que já há tantos anos precisa de atenção e descanso, coisa que nunca lhe demos.
Gostava de saber quando e como vamos acabar com esta luta, mas é uma previsão impossível. E, apesar dos comportamentos indignos de algumas pessoas, que continuam a brincar com a situação, sei que, juntos, vamos conseguir vencer esta batalha. Apenas temos que continuar a lutar como temos feito até agora.
Afinal, apenas nos pedem para ficar em casa, em segurança. Será assim tão difícil respeitar isso?
Carolina Ferreira
quarta-feira, 22 de abril de 2020
Dia da Terra
Hoje, dia 22 de abril comemora-se o Dia da Terra.
Para este dia estavam previstas várias atividades no AENSM, no entanto devido ao encerramento dos estabelecimentos escolares, a Equipa Eco-Escolas apresenta agora uma proposta diferente que consiste em solicitar às famílias uma reflexão sobre as questões de sustentabilidade fazendo-nos chegar os “Compromissos da Família de Ação pelo Clima” até 1 de maio, através do formulário disponível para o efeito.
Sabe mais em Eco-Escolas
Sabe mais em Eco-Escolas
terça-feira, 21 de abril de 2020
CoviDiário #7
Hope
Quarta-feira, 15 de abril de 2020
Está quase a acabar mais uma semana de isolamento. Já foi anunciado que este ano letivo não regressaremos à escola. Esta semana estive a pensar e, já que vais ser o meu “ombro amigo” durante esta quarentena, acho que devia dar-te um nome. Sendo assim, visto que me dás uma espécie de esperança, o teu nome será Hope.
Então, vamos recapitular…
Querido Hope,
As mensagens e vídeos de apoio e de alerta já não são novidade para ninguém. Por todo o lado, se pode ver cartazes a dizer “vai ficar tudo bem” ou “fique em casa” e, nos telejornais, já é hábito passarem vídeos de cidades desertas. No entanto, ainda existem várias pessoas que arriscam sair à rua, que quebram a quarentena, sem necessidade. O que, certamente, estas pessoas não sabem é que, para combater o vírus, temos de estar todos unidos e afastados ao mesmo tempo.
É verdade que não conseguimos voar, não temos uma capa com poderes sobrenaturais, não lançamos teias, nem fazemos nenhum tipo de magia, mas todos temos um super-herói dentro de nós. Os profissionais de saúde salvam vidas como os heróis, logo, também o são; os trabalhadores dos supermercados, os jornalistas e muitas outras pessoas que têm de continuar a sair de casa obrigatoriamente são heróis. E nós? Provavelmente, não salvamos vidas, mas também temos um superpoder que nos pode salvar a todos. Esse superpoder é a força. Não é uma força como a do Hulk, não é uma força usada para destruir. É uma força que vem de dentro. É uma espécie de força de vontade, que nos faz ser fortes para conseguirmos ficar em casa e não ceder à tentação de sair à rua e, mais importante ainda, ser fortes para suportar com resiliência o que está a acontecer.
Normalmente, quando é preciso combater, as pessoas vão para um campo de batalha, para a frente de batalha, mas a nossa estratégia tem de ser outra. O melhor que nós temos a fazer, neste momento, aqueles que não precisam de sair, é fazer isso mesmo: não sair, ficar em casa. Deste modo, vamos conseguir enfraquecer o vilão e, quando ele menos esperar, vamos “acabar com ele”. Mas, para isto acontecer, temos de nos unir, à distância. A nossa luta está a ser difícil de ganhar, não há dúvida, até porque o nosso inimigo é algo bem pequeno, o que nos faz perceber que o tamanho não significa mesmo nada. Como é que algo tão pequeno pode matar tantas pessoas? Como é que algo tão pequeno consegue parar o mundo inteiro? Mas, talvez, exista ainda outra questão: como é que este ser surgiu? Como é que ele foi capaz de contaminar os humanos? Bem, a verdade é que todos os vilões têm os seus cúmplices…Mas o mais importante agora é que, no final, iremos vencer e festejar todos juntos.
Outro poder que possuímos é o poder de adaptação. Os alunos, como é o meu caso, conseguiram adaptar-se a ter aulas em casa; os professores conseguiram adaptar-se a dar aulas a partir de casa; todos nos conseguimos adaptar a trabalhar em casa, a fazer o chamado teletrabalho, e, deste modo, a continuar a viver.
Todos nós estamos em constante mudança e adaptação. O mundo está sempre a evoluir e é por essa razão que iremos sair vitoriosos. A vida é mesmo assim. Não é o mundo que tem de se adaptar a nós, somos nós que temos de nos adaptar aos diferentes cenários que vão surgindo e criar o que precisamos para “sobreviver”.
Afinal de contas, “A vida é sobre amadurecer. É sobre mudar” *
*“Thor: Ragnarok”, Stan Lee
Rita Duarte
sexta-feira, 17 de abril de 2020
Sugestões de Leitura
Neste momento em que é imperativo o isolamento social, em que é forçoso permanecermos em casa, porque não aproveitar o tempo para ler?
Ler o que andávamos a tentar ler há tanto tempo, ler o que temos de ler ou ler, simplesmente, porque sim!
E porque as bibliotecas do nosso agrupamento estão temporariamente encerradas, talvez seja o tempo de acedermos à leitura através das tecnologias digitais.
Este sítio da Internet, propõe-nos 17 websites que disponibilizam, gratuitamente, livros e periódicos em formato digital:
Projeto Adamastor
Entretanto, apresentamos algumas sugestões de leitura:
Texto: Fernando Pessoa;
ilustração: Mafalda Milhões; edição: Bichinho de Conto. (Interpretação Cristina Paiva, Andante Associação)
Ler o que andávamos a tentar ler há tanto tempo, ler o que temos de ler ou ler, simplesmente, porque sim!
E porque as bibliotecas do nosso agrupamento estão temporariamente encerradas, talvez seja o tempo de acedermos à leitura através das tecnologias digitais.
Este sítio da Internet, propõe-nos 17 websites que disponibilizam, gratuitamente, livros e periódicos em formato digital:
Projeto Adamastor
Entretanto, apresentamos algumas sugestões de leitura:
Texto: Fernando Pessoa;
ilustração: Mafalda Milhões; edição: Bichinho de Conto. (Interpretação Cristina Paiva, Andante Associação)
quarta-feira, 15 de abril de 2020
CoviDiário #6
Segunda-feira, 13 de abril
Estamos, de facto, a passar uma altura muito difícil nas nossas vidas: uma pandemia provocada pelo Coronavírus e um Estado de Emergência decretado pelo Governo Português. Um grande desafio, se não o maior de todos os que vivemos até hoje. Um isolamento social forçado, que nos afasta de tudo e de todos; mas que nos tem permitido refletir sobre muitas coisas nas quais nunca tínhamos sequer pensado até agora.
A maneira que encontrei para expressar o que sinto, neste momento de afastamento tão desolador, foi escrever estas breves palavras. Nas nossas casas, existe um silêncio, um medo que nos invade e que nos leva a questionar o que o futuro nos reserva, o que nos poderá acontecer e quando poderemos regressar à nossa vida dita normal. Até há bem pouco tempo, andávamos cansados, reclamávamos das nossas rotinas e do ritmo de vida que levávamos. Mas, olhando para trás, eram essas ações que faziam parte do que somos, que iam definindo o nosso papel na sociedade, sem termos qualquer noção do quão importantes elas eram. Sem as valorizarmos. Agíamos com tanta naturalidade, tão mecanizados para tudo, que nunca parámos para pensar na verdadeira importância do quotidiano. Aliás, nunca pensámos ter saudades dessa correria!
Estamos, de facto, a passar uma altura muito difícil nas nossas vidas: uma pandemia provocada pelo Coronavírus e um Estado de Emergência decretado pelo Governo Português. Um grande desafio, se não o maior de todos os que vivemos até hoje. Um isolamento social forçado, que nos afasta de tudo e de todos; mas que nos tem permitido refletir sobre muitas coisas nas quais nunca tínhamos sequer pensado até agora.
A maneira que encontrei para expressar o que sinto, neste momento de afastamento tão desolador, foi escrever estas breves palavras. Nas nossas casas, existe um silêncio, um medo que nos invade e que nos leva a questionar o que o futuro nos reserva, o que nos poderá acontecer e quando poderemos regressar à nossa vida dita normal. Até há bem pouco tempo, andávamos cansados, reclamávamos das nossas rotinas e do ritmo de vida que levávamos. Mas, olhando para trás, eram essas ações que faziam parte do que somos, que iam definindo o nosso papel na sociedade, sem termos qualquer noção do quão importantes elas eram. Sem as valorizarmos. Agíamos com tanta naturalidade, tão mecanizados para tudo, que nunca parámos para pensar na verdadeira importância do quotidiano. Aliás, nunca pensámos ter saudades dessa correria!
Hoje, estamos em casa. E temos saudades. Saudades de tudo! Saudade…talvez esta seja a melhor palavra para exprimir o sentimento coletivo. Saudade de estarmos em ambiente escolar e conversarmos uns com os outros, saudade de andar na rua, de ir às compras, de falar com os nossos familiares, de ir ao cinema, de jantar fora, de comunicar, de conviver, de fazer tantas coisas que não podemos fazer agora e das quais sentimos imensa falta. Mas não sejamos egoístas. E os outros, os doentes? E os profissionais de saúde? E os que sofrem? E todos quantos estão a passar por dificuldades? Estamos confinados às nossas casas, para nos protegermos, a nós e aos nossos familiares, é verdade. Temos o dever de cumprir todas as normas de higiene e distanciamento social para a nossa proteção, evitando um possível contágio por Covid19. Se todos remarmos para o mesmo lado, conseguiremos ultrapassar esta grande provação.
Mas temos de pensar, também, em todos aqueles que, pelas mais diversas razões profissionais, estão separados das suas famílias para ajudar os outros. Esses, sim, são os verdadeiros heróis. Os profissionais de saúde, que diariamente lutam pela vida e sobrevivência dos doentes infetados com o vírus, todos os agentes das forças de segurança que zelam por nós, todos os que diariamente cuidam dos idosos nos lares e das pessoas com alguma deficiência nas instituições, os que todos os dias fazem chegar às nossas mesas os alimentos de que precisamos, os que mantêm as instituições essenciais a funcionar, os milhares de voluntários em todas as áreas que têm colaborado de alguma maneira nesta fase de pandemia... e tantos outros que poderia continuar a enumerar. O que não tem faltado é a generosidade, a força e a entreajuda para com os que mais precisam. Basta ir vendo as notícias na televisão. Esta é a grande lição que podemos tirar deste isolamento social. Olhar para os
outros! Para as suas necessidades, para as suas carências, para a sua força, para a sua generosidade, para as suas qualidades e virtudes. Para a capacidade que têm de ajudar o próximo, numa situação completamente nova para todos, onde todos se sentem perdidos. Mas devemos ser otimistas. Temos de ser. E tudo dependerá da forma consciente como atuamos, mantendo-nos ativos e positivos.
Este vírus é um mistério para estudiosos e investigadores, porque é demasiado perigoso e mortal. Já afetou muitos países e matou milhares de pessoas em todo o mundo. Mas devemos manter a esperança e acreditar que tudo irá passar, com a ajuda e contributo de todos, porque uma nação é feita por TODOS e para TODOS.
Afonso Mourão
terça-feira, 14 de abril de 2020
CoviDiário #5
Meu querido diário,
Hoje, senti vontade de te falar sobre o isolamento social que começou há duas semanas.
Na primeira semana, senti-me completamente perdida com os trabalhos que nos iam enviando para fazer. Ao longo do tempo, fui percebendo muitas coisas, que nunca pensei que me acontecessem. A segunda semana correu como a primeira, mas lá consegui orientar-me!
Esta semana que agora começou fez-me sentir bem comigo mesma, orientei-me melhor com as tarefas que os professores pediram para fazer. Hoje chove! É um destes dias de chuva em que me apetece ficar em casa. Já fiz as tarefas que os professores me enviaram, tive aulas online, ajudei na lida doméstica e estudei.
Mais um dia que passou, meu querido diário! Sinto -me bem e sinceramente não estou farta de estar de quarentena, porque tenho tempo para tudo, só preciso de saber como geri-lo de uma forma vantajosa, quer a nível de estudo, quer a nível de tempo.
Esta tarefa de escrever um diário não é um trabalho fácil, porque, num diário, normalmente, fazemos um resumo da nossa vida e, neste caso, o assunto principal não é a nossa vida, mas a forma como estamos a viver o isolamento social que a pandemia do coronavírus nos impõe.
Hoje, senti vontade de te falar sobre o isolamento social que começou há duas semanas.
Foto recolhida em "oamadesense.pt" |
Esta semana que agora começou fez-me sentir bem comigo mesma, orientei-me melhor com as tarefas que os professores pediram para fazer. Hoje chove! É um destes dias de chuva em que me apetece ficar em casa. Já fiz as tarefas que os professores me enviaram, tive aulas online, ajudei na lida doméstica e estudei.
Mais um dia que passou, meu querido diário! Sinto -me bem e sinceramente não estou farta de estar de quarentena, porque tenho tempo para tudo, só preciso de saber como geri-lo de uma forma vantajosa, quer a nível de estudo, quer a nível de tempo.
Esta tarefa de escrever um diário não é um trabalho fácil, porque, num diário, normalmente, fazemos um resumo da nossa vida e, neste caso, o assunto principal não é a nossa vida, mas a forma como estamos a viver o isolamento social que a pandemia do coronavírus nos impõe.
Joana Ferreira
segunda-feira, 13 de abril de 2020
CoviDiário #4
Quinta-feira, 04 de abril de 2020
Porque é que uma pessoa escreve…? Uma pessoa escreve para não esquecer… Mas por que é que uma pessoa escreve tudo, até as coisas más? Bem… para não esquecer. Este é, provavelmente, o motivo que me leva a escrever a data em tudo o que faço. Para não me esquecer da altura em que fiz determinado registo, mesmo que o momento não seja o melhor. E o momento presente que vivemos não é de longe o melhor. Mas, na minha opinião, devemos recordar todos os acontecimentos das nossas vidas, porque aprendemos e crescemos com eles. O coronavírus deve ser lembrado, assim como tudo o que aconteceu (e está a acontecer) na altura em que “existiu”.
Tudo tem um propósito. Tudo tem o seu lado negativo e positivo. Sinceramente, não consigo entender o propósito do coronavírus nem o seu lado positivo, mas sei que ele existe. Estava determinado que algo parecido com isto iria acontecer. Como disse ainda há pouco, nós crescemos com os eventos da vida e, se calhar, é essa a intenção deste vírus: fazer-nos crescer e evoluir. Porque, como é óbvio, nada vai ser igual depois de ultrapassada esta fase. Vão aparecer novas tecnologias, as pessoas vão começar a ser mais disciplinadas, provavelmente irão sair mais de casa para compensar o tempo “perdido”… todos vamos mudar a nossa maneira de ser e o modo como vemos o mundo.
*“Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, J. K. Rowling
Mas falemos agora sobre o tempo presente. O que está a acontecer é algo irreal, inacreditável e surpreendente. É algo que está a “prejudicar” muitas pessoas e, infelizmente, a fazer lucrar outras. É verdade que sempre morreram pessoas todos os dias, como diz o presidente Trump, mas não a esta velocidade. Quando "se morre todos os dias" é algo "natural", que tem de acontecer, para haver um equilíbrio na Natureza. Isto que estamos a viver é tudo menos natural. Isto é algo que nos faz tremer, cada vez que dizem o número de mortos ou infetados. Isto é algo que nos provoca medo e frustração. Isto podia ser, no início, uma coisa comparável às muitas que dizemos que só acontecem aos outros, mas a verdade é que pode acontecer a qualquer um de nós. É algo que, até há umas semanas atrás, eu só tinha “vivido” nos livros e nos filmes. Falando de livros, tenho estado a ler “A Revolta dos Deuses”. O assunto não tem nada a ver com o coronavírus, mas o título fez-me pensar que talvez tudo o que está acontecer seja uma espécie de alerta para os comportamentos humanos.
Continuando a falar sobre livros, há outro assunto que, a meu ver, também é arrepiante. Esta epidemia vai ficar para a História. Daqui a uns anos, este assunto vai ter um lugar nos livros de História e vai ser estudado por aqueles que, felizmente, ainda cá não estão. Quando estudei História, conheci datas e tempos nos quais não participei e, agora, pensar que esta época na qual estou a participar, vai “entrar” para a História é algo extraordinário. Existem muitas coisas a ocorrer no século XXI que a História vai lembrar, como os avanços tecnológicos, mas nada com esta dimensão…
Mas enfim. A melhor maneira de enfrentar os desafios que nos aparecem à frente é com um sorriso na cara e com muita esperança. O vírus pode estar a acabar com a vida de muitas pessoas, mas nunca irá acabar com a esperança que muitas ainda têm. Todas as histórias têm o seu final feliz, dependendo do ponto de vista. A verdade é que “a felicidade pode ser encontrada mesmo nos tempos mais difíceis, se nos lembrarmos de acender a luz certa”*.
*“Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, J. K. Rowling
Rita Duarte
domingo, 12 de abril de 2020
CoviDiário #3
Esperança
4 de abril de 2020
É possível ver o medo no olhar. Medo do que acontece, mas especialmente medo do que ainda está para vir. Todos se calam, numa casa cheia, para atentamente ouvirem o que já é esperado. Anunciam-se mortes e mais mortes e o choque é tanto que se instala nessa casa cheia e barulhenta silêncio tanto que até a alma mais forte estremece. Suspiros e louvores a criaturas que o medo e a impotência nos levam a criar são as únicas coisas que interrompem o duradouro silêncio a que, para conter o pranto, somos obrigados.
Vão-se multiplicando as mensagens de esperança que nos chegam, mas multiplicam-se mais rapidamente o número de mortos. Correm as pessoas aos supermercados, para que em casa os mantimentos não escasseiem. Correm os dias e a única coisa que escasseia é a esperança. A nossa casa, antes refúgio, é agora calabouço. A nossa família, antes abrigo, é agora sinónimo de distância.
A devastação de todo o ocidente contrasta com a ostentação e opulência a que a nossa sociedade elitista estava habituada. Essa devastação assusta-nos a todos. A todos, menos a alguns tristes seres, que aproveitam estes cataclismos para alimentarem as campanhas de ódio que já vinham fazendo, mas esses já não são surpresa, até porque toda a gente já sabe que para um demagogo o medo e a indigência do povo são a melhor oportunidade de alcançar os seus objetivos. Apontam erros ao combate ao vírus, culpam governos pela destruição económica e dizem outros disparates e heresias que, com astúcia, cabem na perfeição no ouvido de qualquer Homem desesperado. Isto, para além das teorias da conspiração que atribuem todos os males deste mundo ao regime chinês e aos chineses (sem fazerem sequer qualquer distinção entre os mesmos). Teorias que o bom senso e a ciência desmentem, mas em que o ceticismo humano é tentado a acreditar e, assim, propagar o ódio e a discriminação de que este mundo já há muito padece.
É óbvio que nos dias que correm o foco de todos nós é o combate ao coronavírus, mas é importante não esquecer o vírus do populismo que se instalará nas sociedades ocidentais, aquando do desaparecimento da Covid -19, até porque esse vírus não há quarentena que previna. Por isso, peço esperança, peço coragem, peço que não tenhamos medo do futuro, até porque vai ficar tudo bem.
Vão-se multiplicando as mensagens de esperança que nos chegam, mas multiplicam-se mais rapidamente o número de mortos. Correm as pessoas aos supermercados, para que em casa os mantimentos não escasseiem. Correm os dias e a única coisa que escasseia é a esperança. A nossa casa, antes refúgio, é agora calabouço. A nossa família, antes abrigo, é agora sinónimo de distância.
A devastação de todo o ocidente contrasta com a ostentação e opulência a que a nossa sociedade elitista estava habituada. Essa devastação assusta-nos a todos. A todos, menos a alguns tristes seres, que aproveitam estes cataclismos para alimentarem as campanhas de ódio que já vinham fazendo, mas esses já não são surpresa, até porque toda a gente já sabe que para um demagogo o medo e a indigência do povo são a melhor oportunidade de alcançar os seus objetivos. Apontam erros ao combate ao vírus, culpam governos pela destruição económica e dizem outros disparates e heresias que, com astúcia, cabem na perfeição no ouvido de qualquer Homem desesperado. Isto, para além das teorias da conspiração que atribuem todos os males deste mundo ao regime chinês e aos chineses (sem fazerem sequer qualquer distinção entre os mesmos). Teorias que o bom senso e a ciência desmentem, mas em que o ceticismo humano é tentado a acreditar e, assim, propagar o ódio e a discriminação de que este mundo já há muito padece.
É óbvio que nos dias que correm o foco de todos nós é o combate ao coronavírus, mas é importante não esquecer o vírus do populismo que se instalará nas sociedades ocidentais, aquando do desaparecimento da Covid -19, até porque esse vírus não há quarentena que previna. Por isso, peço esperança, peço coragem, peço que não tenhamos medo do futuro, até porque vai ficar tudo bem.
André Peixoto Pereira
sábado, 11 de abril de 2020
CoviDiário #2
Quem diria que
Seres humanos tão evoluídos,
Se deixariam derrotar,
Por um microscópico vírus.
É uma ironia pensar que
Nós, donos do mundo,
Facilmente seríamos regidos
Por um mal tão profundo.
Esta pandemia, que afeta
Todo o mundo, todo o cidadão,
Obriga a tomar medidas
Que rasgam o coração.
Entre elas,
A mais chocante é, talvez,
Os médicos deixarem morrer
Os pilares das gerações,
Para salvar os mais jovens,
Grávidos de aspirações.
Esta situação levou-nos
A lutar por um só objetivo:
Acabar com este mal,
E vamos consegui-lo…unidos!
Agora que já atualizei
A situação global,
Está na hora de relatar
Como eu vejo este mal.
Nunca tinha reparado
Como o Sol é tão brilhante,
O canto dos pássaros tão belo
E o brotar das flores tão fascinante.
Nunca tinha dado importância
A coisas simples como sair,
Respirar ar puro sem ter medo
Do que possa acontecer a seguir!
Como gostava de poder
Ir ao café com os meus amigos,
De poder abraçar quem quiser
E rir quanto me aprouver.
Quantas saudades da escola.
E das responsabilidades que tinha!
Saudades de não estar presa,
E do que a vida continha.
Pensando bem, considero que,
O vírus nos deu uma grande lição,
Pois agora olhamos para tudo,
Não com os olhos,
Mas sim com o coração!
Mas não percamos a esperança!
Juntos vamos conseguir,
Derrotar este maldito vírus
E de novo voltar a sorrir!
Seres humanos tão evoluídos,
Se deixariam derrotar,
Por um microscópico vírus.
É uma ironia pensar que
Nós, donos do mundo,
Facilmente seríamos regidos
Por um mal tão profundo.
Esta pandemia, que afeta
Todo o mundo, todo o cidadão,
Obriga a tomar medidas
Que rasgam o coração.
Entre elas,
A mais chocante é, talvez,
Os médicos deixarem morrer
Os pilares das gerações,
Para salvar os mais jovens,
Grávidos de aspirações.
Esta situação levou-nos
A lutar por um só objetivo:
Acabar com este mal,
E vamos consegui-lo…unidos!
Agora que já atualizei
A situação global,
Está na hora de relatar
Como eu vejo este mal.
Nunca tinha reparado
Como o Sol é tão brilhante,
O canto dos pássaros tão belo
E o brotar das flores tão fascinante.
Nunca tinha dado importância
A coisas simples como sair,
Respirar ar puro sem ter medo
Do que possa acontecer a seguir!
Como gostava de poder
Ir ao café com os meus amigos,
De poder abraçar quem quiser
E rir quanto me aprouver.
Quantas saudades da escola.
E das responsabilidades que tinha!
Saudades de não estar presa,
E do que a vida continha.
Pensando bem, considero que,
O vírus nos deu uma grande lição,
Pois agora olhamos para tudo,
Não com os olhos,
Mas sim com o coração!
Mas não percamos a esperança!
Juntos vamos conseguir,
Derrotar este maldito vírus
E de novo voltar a sorrir!
Sofia Cavacece
sexta-feira, 10 de abril de 2020
CoviDiário #1
Domingo, 5 de abril de 2020
Querido diário,
Em situação normal, ficaria feliz por num dia chuvoso como este poder ficar em casa, no sofá, a ver filmes e séries o tempo todo. No entanto, não é assim que me sinto. Porque não é um dia normal. Porque esta fase crítica que estamos a viver é tudo menos normal.
Estamos há praticamente um mês em casa, devido a um vírus, o Coronavírus. Um vírus que apareceu há poucos meses e já veio mudar tanta coisa. Um vírus que matou e continua a matar milhares de pessoas. Um vírus que alterou completamente a nossa rotina. Um vírus que fez com que muitos começassem a dar valor a coisas que antes pareciam insignificantes.
Porém, se olharmos para toda esta situação de outra perspetiva, nem tudo foi mau. É impressionante como os níveis de poluição diminuíram imenso entre 2019 e 2020 na China central e um pouco pelo mundo inteiro. Este vírus veio também dar à Terra o descanso de que ela tanto precisava.
Se tem sido fácil estar de quarentena? Não, de todo. Sinto falta de imensas coisas que antes não pareciam assim tão importantes. Sinto falta de pessoas, de lugares, da minha rotina.
Confesso que já estive mais preocupada com esta situação. Continuo a estar, obviamente, mas tento manter-me positiva e afastar todos os pensamentos maus da minha cabeça.
Só pergunto quando. Quando é que tudo isto vai acabar? Quando é que vamos voltar à normalidade? Quando é que poderei abraçar de novo as pessoas que mais amo? É isto que me faz confusão. Não saber quando nem como vai acabar.
Apesar do comportamento indecente de algumas pessoas, que ainda não perceberam a gravidade da situação, não tenho dúvidas de que vamos conseguir ultrapassar tudo isto. O Homem já passou por tanta coisa, esta é mais uma batalha que vamos vencer. Juntos.
Há alguns anos atrás pediam aos nossos antepassados para irem combater para a guerra. A nós pedem-nos para ficar em casa. Será assim tão difícil?
Com amor,
Inês Luís
quinta-feira, 9 de abril de 2020
Momentos de uma quarentena
Todos juntos em aprendizagem...
Momentos significativos vividos por miúdos e graúdos da sala 1 do JI Raul Lopes, sinal de que a quarentena não está a conseguir derrubar o ânimo a ninguém.... é este o espírito ! Desejo a todas as crianças e famílias uma Páscoa Feliz !
A educadoraCristina Cotralha
quarta-feira, 8 de abril de 2020
Mensagem da Diretora do AENSM
O Agrupamento de Escolas Nuno de Santa Maria tem conseguido, em variados momentos, estar à altura dos imensos desafios que, como Comunidade Educativa, tem enfrentado com maior ou menor sucesso, sem desistir e sem defraudar as expetativas dos Alunos e Pais.
Como Escola Pública que somos, nestas alturas temos de nos socorrer de todas as ferramentas e, acima de tudo, da longa experiência que todos temos, no nosso agrupamento, de partilha, trabalho conjunto e solidário.
Estamos a viver este desafio com serenidade e resiliência... Acima de tudo com lucidez, procurando atuar com bom senso e ponderação. Nestes novos e tão incertos tempos urge procurarmos ser veículos de apoio e esperança para a nossa comunidade. É por isso que não baixamos braços, nem desesperamos, continuamos sempre disponíveis para sermos fonte de cidadania ativa e profundamente empenhados em ultrapassar esta crise, procurando ao máximo não deixar ninguém para trás - os nossos alunos sabem disto, os encarregados de educação, funcionários e professores procuram quotidianamente construir este caminho, errando e aprendendo, encontrando soluções que criem um caminho de futuro.
Enviámos já, no dia 2 de abril, a todos os Pais/Encarregados de Educação o "reporte formal de avaliação", tal como estava previsto no nosso calendário semestral.
O final do ano letivo apresenta-se ainda cheio de interrogações, dependendo de fatores não controláveis localmente, mas nada disso nos retira o ânimo e o empenho para continuarmos empenhada e solidariamente a trabalhar como comunidade educativa, ultrapassando assim as dificuldades dos dias que vivemos. Aguardamos as diretivas do Governo sobre o calendário letivo, mas pensamos que após a interrupção da Páscoa continuaremos com o Ensino a Distância até ao final do ano letivo. Continuaremos a manter o contacto regular com os Alunos e Encarregados de Educação, a consolidar aprendizagens e desenvolver novas aprendizagens. Para isso é elaborado
um Plano Semanal para cada turma, coordenado pelo Diretor de Turma que articula as atividades e tarefas a realizar. Desta forma os docentes das várias disciplinas recolhem informações que serão tidas em conta na avaliação do final do ano – momento de apreciação global do trabalho desenvolvido ao longo de todo o ano letivo, sem nos esquecermos das condições/equipamentos tecnológicos que cada aluno tem, neste momento, para trabalhar em quarentena.
Ninguém estava preparado… não se transforma o ensino presencial na escola, no “Ensino à Distância” (E@D) de um dia para o outro e chegar a TODOS no Agrupamento Nuno de Santa Maria, só foi possível, porque mais uma vez contámos com a disponibilidade manifestada , desde a primeira hora, pela PSP e GNR que levaram a casa os materiais necessários a alguns para continuarem a trabalhar. OBRIGADA.
OBRIGADA a todos os professores que foram incansáveis, empenhadíssimos e totalmente disponíveis, mas também a todos os alunos que revelaram um enorme sentido de responsabilidade e mais uma vez perceberam que o sucesso é uma questão de vontade, ação e dedicação.
E mais uma vez os Pais/Encarregados de Educação foram o pilar importante do nosso trabalho,
BEM HAJAM.
BEM HAJAM.
E agora vamos descansar um pouco… mas vamos também ser pessoas que sabem ser SOL mesmo quando a vida está nublada!
A DiretoraMaria Celeste Sousa
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