Estamos, de facto, a passar uma altura muito difícil nas nossas vidas: uma pandemia provocada pelo Coronavírus e um Estado de Emergência decretado pelo Governo Português. Um grande desafio, se não o maior de todos os que vivemos até hoje. Um isolamento social forçado, que nos afasta de tudo e de todos; mas que nos tem permitido refletir sobre muitas coisas nas quais nunca tínhamos sequer pensado até agora.
A maneira que encontrei para expressar o que sinto, neste momento de afastamento tão desolador, foi escrever estas breves palavras. Nas nossas casas, existe um silêncio, um medo que nos invade e que nos leva a questionar o que o futuro nos reserva, o que nos poderá acontecer e quando poderemos regressar à nossa vida dita normal. Até há bem pouco tempo, andávamos cansados, reclamávamos das nossas rotinas e do ritmo de vida que levávamos. Mas, olhando para trás, eram essas ações que faziam parte do que somos, que iam definindo o nosso papel na sociedade, sem termos qualquer noção do quão importantes elas eram. Sem as valorizarmos. Agíamos com tanta naturalidade, tão mecanizados para tudo, que nunca parámos para pensar na verdadeira importância do quotidiano. Aliás, nunca pensámos ter saudades dessa correria!
Hoje, estamos em casa. E temos saudades. Saudades de tudo! Saudade…talvez esta seja a melhor palavra para exprimir o sentimento coletivo. Saudade de estarmos em ambiente escolar e conversarmos uns com os outros, saudade de andar na rua, de ir às compras, de falar com os nossos familiares, de ir ao cinema, de jantar fora, de comunicar, de conviver, de fazer tantas coisas que não podemos fazer agora e das quais sentimos imensa falta. Mas não sejamos egoístas. E os outros, os doentes? E os profissionais de saúde? E os que sofrem? E todos quantos estão a passar por dificuldades? Estamos confinados às nossas casas, para nos protegermos, a nós e aos nossos familiares, é verdade. Temos o dever de cumprir todas as normas de higiene e distanciamento social para a nossa proteção, evitando um possível contágio por Covid19. Se todos remarmos para o mesmo lado, conseguiremos ultrapassar esta grande provação.
Mas temos de pensar, também, em todos aqueles que, pelas mais diversas razões profissionais, estão separados das suas famílias para ajudar os outros. Esses, sim, são os verdadeiros heróis. Os profissionais de saúde, que diariamente lutam pela vida e sobrevivência dos doentes infetados com o vírus, todos os agentes das forças de segurança que zelam por nós, todos os que diariamente cuidam dos idosos nos lares e das pessoas com alguma deficiência nas instituições, os que todos os dias fazem chegar às nossas mesas os alimentos de que precisamos, os que mantêm as instituições essenciais a funcionar, os milhares de voluntários em todas as áreas que têm colaborado de alguma maneira nesta fase de pandemia... e tantos outros que poderia continuar a enumerar. O que não tem faltado é a generosidade, a força e a entreajuda para com os que mais precisam. Basta ir vendo as notícias na televisão. Esta é a grande lição que podemos tirar deste isolamento social. Olhar para os
outros! Para as suas necessidades, para as suas carências, para a sua força, para a sua generosidade, para as suas qualidades e virtudes. Para a capacidade que têm de ajudar o próximo, numa situação completamente nova para todos, onde todos se sentem perdidos. Mas devemos ser otimistas. Temos de ser. E tudo dependerá da forma consciente como atuamos, mantendo-nos ativos e positivos.
Este vírus é um mistério para estudiosos e investigadores, porque é demasiado perigoso e mortal. Já afetou muitos países e matou milhares de pessoas em todo o mundo. Mas devemos manter a esperança e acreditar que tudo irá passar, com a ajuda e contributo de todos, porque uma nação é feita por TODOS e para TODOS.
Afonso Mourão
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