segunda-feira, 13 de abril de 2020

CoviDiário #4

Quinta-feira, 04 de abril de 2020

Porque é que uma pessoa escreve…? Uma pessoa escreve para não esquecer… Mas por que é que uma pessoa escreve tudo, até as coisas más? Bem… para não esquecer. Este é, provavelmente, o motivo que me leva a escrever a data em tudo o que faço. Para não me esquecer da altura em que fiz determinado registo, mesmo que o momento não seja o melhor. E o momento presente que vivemos não é de longe o melhor. Mas, na minha opinião, devemos recordar todos os acontecimentos das nossas vidas, porque aprendemos e crescemos com eles. O coronavírus deve ser lembrado, assim como tudo o que aconteceu (e está a acontecer) na altura em que “existiu”.

Tudo tem um propósito. Tudo tem o seu lado negativo e positivo. Sinceramente, não consigo entender o propósito do coronavírus nem o seu lado positivo, mas sei que ele existe. Estava determinado que algo parecido com isto iria acontecer. Como disse ainda há pouco, nós crescemos com os eventos da vida e, se calhar, é essa a intenção deste vírus: fazer-nos crescer e evoluir. Porque, como é óbvio, nada vai ser igual depois de ultrapassada esta fase. Vão aparecer novas tecnologias, as pessoas vão começar a ser mais disciplinadas, provavelmente irão sair mais de casa para compensar o tempo “perdido”… todos vamos mudar a nossa maneira de ser e o modo como vemos o mundo.

Mas falemos agora sobre o tempo presente. O que está a acontecer é algo irreal, inacreditável e surpreendente. É algo que está a “prejudicar” muitas pessoas e, infelizmente, a fazer lucrar outras. É verdade que sempre morreram pessoas todos os dias, como diz o presidente Trump, mas não a esta velocidade. Quando "se morre todos os dias" é algo "natural", que tem de acontecer, para haver um equilíbrio na Natureza. Isto que estamos a viver é tudo menos natural. Isto é algo que nos faz tremer, cada vez que dizem o número de mortos ou infetados. Isto é algo que nos provoca medo e frustração. Isto podia ser, no início, uma coisa comparável às muitas que dizemos que só acontecem aos outros, mas a verdade é que pode acontecer a qualquer um de nós. É algo que, até há umas semanas atrás, eu só tinha “vivido” nos livros e nos filmes. Falando de livros, tenho estado a ler “A Revolta dos Deuses”. O assunto não tem nada a ver com o coronavírus, mas o título fez-me pensar que talvez tudo o que está acontecer seja uma espécie de alerta para os comportamentos humanos.

Continuando a falar sobre livros, há outro assunto que, a meu ver, também é arrepiante. Esta epidemia vai ficar para a História. Daqui a uns anos, este assunto vai ter um lugar nos livros de História e vai ser estudado por aqueles que, felizmente, ainda cá não estão. Quando estudei História, conheci datas e tempos nos quais não participei e, agora, pensar que esta época na qual estou a participar, vai “entrar” para a História é algo extraordinário. Existem muitas coisas a ocorrer no século XXI que a História vai lembrar, como os avanços tecnológicos, mas nada com esta dimensão…

Mas enfim. A melhor maneira de enfrentar os desafios que nos aparecem à frente é com um sorriso na cara e com muita esperança. O vírus pode estar a acabar com a vida de muitas pessoas, mas nunca irá acabar com a esperança que muitas ainda têm. Todas as histórias têm o seu final feliz, dependendo do ponto de vista. A verdade é que “a felicidade pode ser encontrada mesmo nos tempos mais difíceis, se nos lembrarmos de acender a luz certa”*.

*“Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, J. K. Rowling

Rita Duarte

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