sábado, 2 de junho de 2018

24 Horas - um momento de pura magia!

Foram mais de cem!...

Na verdade, pareciam mais de 200. Talvez mais de 300. Eram muitos…

Tantos! Tantos… 

Receção no auditório da EDNAP

E chegavam cheios de energia, de músicas, de gritos, de saltos e rodas. Vinham carregados de mochilas, de sacos, de almofadas, de ursinhos de peluche, de esperanças, de sorrisos, de expetativas. Traziam a pressa de chegar, a vontade de conhecer, a urgência de brincar e… nenhum olhava para trás.

Chegada à EDNAP

Atrás deles vinham os pais, os irmãos mais velhos, as tias, as amigas, os receios, os medos, as saudades e a certeza de que é importante que eles cresçam.

Ao lado deles estavam as professoras (e os professores!) que os acompanharam nestes 4 anos de escola e que estão sempre ao lado de quem precisa, sempre a ver o que é preciso e a assegurar que se for preciso um colo, há ali um disponível. 

Chegada à EDNAP

À espera deles estavam jovens adolescentes, com os telemóveis arrumados no bolso, as redes sociais desligadas, os namoros suspensos e os olhos pregados naquelas revoadas de andorinhas irrequietas que, com voos rasantes, entravam portão adentro de uma escola nova. À espera dos “mais de cem”, estavam os “mais de cinquenta”, conscientes das suas responsabilidades, focados nas suas obrigações, concentrados na arrepiante tarefa de fazer os outros felizes. 

Levados pelos monitores

Quem os visse – os que chegavam, os que acompanhavam, os que esperavam – pergunta-se-ia: “Porquê?!”

Porque é que há de haver professores (muitos…), porque é que há de haver alunos mais velhos e porque é que há de haver pequenitos que decidem ficar “24 Horas na Escola” a trabalhar, a aprender, a ensinar? Qual é a lógica? Onde está a racionalidade disto? 

A equipa verde (os "Alfacinhas")

Pois… pois é! Não há!

E é assim há 12 anos! Já lá vão 12 anos… Todos os anos assim… Sempre com o mesmo entusiasmo e com a mesma loucura, com a mesma dedicação, com a mesma ternura.

«Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.»


Os Lusíadas, c. IX, est.83 
E lá foram eles… 

Tema da 12ª edição do 24 Horas

Sob o tema do “Ano Europeu do Património Cultural”, lá foram eles perceber como cada país tem um património cultural que lhe é característico, que lhe é próprio e que, ainda assim, é de todos nós. E como nos podemos entender sobre isso e muito mais, ainda que as nossas línguas sejam diferentes. 

Línguas estrangeiras

Foram convidados a ter uma visão mais apurada sobre o nosso património, sobre o património que vemos todos os dias mas no qual raramente reparamos. E tiveram professores que lhes mostraram a Matemática que existe nas coisas do dia a dia. E que ao contrário do que muitos dizem, a Matemática serve para fazer coisas e facilita-nos a vida.

Uma das Matemáticas

Descobriram que há um património digital que está a ser criado e que está ao alcance de todos. E numa sala cheia de computadores deram os primeiros passos na programação e sentiram que a informática deve fazer o que nós queremos e não sermos nós a fazer o que as máquinas nos “obrigam” a fazer.

Informática

Na Físico-Química puderam experimentar que há um património científico que nos permite entender o que outros nem suspeitam. E puderam fazer magia, fazer aparecer e desaparecer coisas, fazer desenhos com campos magnéticos; fazer explodir vulcões com vinagre e deixar passar a corrente elétrica por eles até chegar a outros e produzir luz. 

Físico-Química

Foram descobrir um património natural que nos é comum, ainda que às vezes nos seja invisível aos olhos apressados com que sempre andamos. E a Biologia-Geologia permitiu-lhes ver o que nunca tinham visto, conhecer o que nunca tinham conhecido, tocar no que nunca tinham tocado e olharem-se por dentro como nunca se tinha olhado. 

Biologia-Geologia

Nas Ciências Sociais e Humanas puderam tomar consciência de como todos estes patrimónios (culturais, históricos, sociais, naturais, científicos, digitais, tradicionais…) nos fazem ser aquilo que somos e como, por isso, é importante preservá-los. E que mesmo que sejam, às vezes, verdadeiros puzzles, é necessário conhecê-los e respeitá-los.

Ciências Sociais e Humanas

Pelo meio fizeram as camas e prepararam os sonhos. 

Camas

E enquanto a chuva caía tempestuosamente em Tomar, inundava estradas, transbordava ribeiras, estragava as culturas e assustava os cães vadios e os gatos distraídos, as andorinhas treinavam novos voos e experimentavam manobras arriscadas e carregadas de adrenalina. 

Educação Física

Jantaram e foram preparar o sarau para oferecer aos pais e amigos as canções, as danças e músicas que tinham aprendido. 

Sarau

Ao que consta, alguns foram dormir. Uns quantos continuaram a trabalhar noite dentro, a preparar a manhã que se avizinhava. Outros foram embalados por histórias de encantar que os levaram para sítios tão longínquos que nunca saberemos. Mas parece que houve uns quantos que acharam que uma noite de conversa com os amigos é mais retemperadora que algumas horas de sono. Mas que interessa isso?... 

A prepararem-se para dormir...

Outro dia chegou. Pequeno-almoço. Mochilas. Sol. Amigos. Brincadeiras. Faltava alguma coisa para se ser feliz? 


Parece que não…

Ainda a acordar. Devagarinho...


Foram todos ouvir e ver uma história do nosso património fantasioso e ficaram a saber que às vezes é muito difícil fazermos os outros perceberem o quanto gostamos deles, mas que, se realmente gostarmos, algum dia se ficará a saber quanto a comida gosta de sal. 

Biblioteca e Centro de Recursos

E com abelhas, coelhos e porcos compraram-se as prendas mais fantásticas. As que lá estavam e as que a imaginação criou.

Toma Lá, Dá Cá

E porque há sempre coisas diferentes a aprender e a experimentar, ao som de Michael Jackson, dançou-se o breakdance. Era mais "break" ou mais "dance"? Hã?... era muito divertido!

Breakdance

E foram todos pintar de novo os monumentos que alguém se esqueceu de pintar. E a Janela do Capítulo ficou como nunca fora vista, a Charola foi redecorada e todo o Convento de Cristo apareceu “de cara lavada”. 

Educação Visual

E houve uma outra forma de ver o mundo: todos deram as mãos e juraram que a solidariedade é que une as diferenças, e que quando estamos todos juntos, somos tão iguais que quase não parecemos diferentes. 

Educação Especial


Vinte e quatro horas depois, cansados, felizes, de mãos dadas, se olhassem para trás, teriam visto momentos incríveis. Momentos de pura magia… 



Mas ninguém olhou para trás.

Olharam uns para os outros. E de mãos dadas, às cavalitas, ao colo, ou lado a lado, seguiram em frente, a pensar no próximo ano. 



Alguma coisa há de haver…
Alguma coisa tem que existir…
Alguma coisa será capaz de explicar as 24 Horas! 



Talvez seja só magia…

... mas isso, só nós é que sabemos!
José Paulo Vasconcelos

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