terça-feira, 21 de abril de 2020

CoviDiário #7


Hope

Quarta-feira, 15 de abril de 2020

Está quase a acabar mais uma semana de isolamento. Já foi anunciado que este ano letivo não regressaremos à escola. Esta semana estive a pensar e, já que vais ser o meu “ombro amigo” durante esta quarentena, acho que devia dar-te um nome. Sendo assim, visto que me dás uma espécie de esperança, o teu nome será Hope.

Então, vamos recapitular…

Querido Hope,

As mensagens e vídeos de apoio e de alerta já não são novidade para ninguém. Por todo o lado, se pode ver cartazes a dizer “vai ficar tudo bem” ou “fique em casa” e, nos telejornais, já é hábito passarem vídeos de cidades desertas. No entanto, ainda existem várias pessoas que arriscam sair à rua, que quebram a quarentena, sem necessidade. O que, certamente, estas pessoas não sabem é que, para combater o vírus, temos de estar todos unidos e afastados ao mesmo tempo.

É verdade que não conseguimos voar, não temos uma capa com poderes sobrenaturais, não lançamos teias, nem fazemos nenhum tipo de magia, mas todos temos um super-herói dentro de nós. Os profissionais de saúde salvam vidas como os heróis, logo, também o são; os trabalhadores dos supermercados, os jornalistas e muitas outras pessoas que têm de continuar a sair de casa obrigatoriamente são heróis. E nós? Provavelmente, não salvamos vidas, mas também temos um superpoder que nos pode salvar a todos. Esse superpoder é a força. Não é uma força como a do Hulk, não é uma força usada para destruir. É uma força que vem de dentro. É uma espécie de força de vontade, que nos faz ser fortes para conseguirmos ficar em casa e não ceder à tentação de sair à rua e, mais importante ainda, ser fortes para suportar com resiliência o que está a acontecer.

Normalmente, quando é preciso combater, as pessoas vão para um campo de batalha, para a frente de batalha, mas a nossa estratégia tem de ser outra. O melhor que nós temos a fazer, neste momento, aqueles que não precisam de sair, é fazer isso mesmo: não sair, ficar em casa. Deste modo, vamos conseguir enfraquecer o vilão e, quando ele menos esperar, vamos “acabar com ele”. Mas, para isto acontecer, temos de nos unir, à distância. A nossa luta está a ser difícil de ganhar, não há dúvida, até porque o nosso inimigo é algo bem pequeno, o que nos faz perceber que o tamanho não significa mesmo nada. Como é que algo tão pequeno pode matar tantas pessoas? Como é que algo tão pequeno consegue parar o mundo inteiro? Mas, talvez, exista ainda outra questão: como é que este ser surgiu? Como é que ele foi capaz de contaminar os humanos? Bem, a verdade é que todos os vilões têm os seus cúmplices…Mas o mais importante agora é que, no final, iremos vencer e festejar todos juntos.

Outro poder que possuímos é o poder de adaptação. Os alunos, como é o meu caso, conseguiram adaptar-se a ter aulas em casa; os professores conseguiram adaptar-se a dar aulas a partir de casa; todos nos conseguimos adaptar a trabalhar em casa, a fazer o chamado teletrabalho, e, deste modo, a continuar a viver.

Todos nós estamos em constante mudança e adaptação. O mundo está sempre a evoluir e é por essa razão que iremos sair vitoriosos. A vida é mesmo assim. Não é o mundo que tem de se adaptar a nós, somos nós que temos de nos adaptar aos diferentes cenários que vão surgindo e criar o que precisamos para “sobreviver”.

Afinal de contas, “A vida é sobre amadurecer. É sobre mudar” *

*“Thor: Ragnarok”, Stan Lee

Rita Duarte

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