quarta-feira, 9 de março de 2022

De Mulher Pra Mulher

Ágata e Romana, num célebre poema da música popular portuguesa, cantam-nos com o sofrimento de quem detém um coração estilhaçado por um mesmo homem com promessas vãs de amor que nunca chegaram a ser cumpridas. Numa melodia exalando mágoa e angústia, falam “de mulher pra mulher / e de igual para igual”, empatizando de parte a parte com as suas experiências, afinal de contas tão iguais. 
Apesar do tom discretamente satirizante com que falo desta música, tomo-a como mote para vos introduzir uma temática da extrema importância: Sororidade.

8 por 8

Qual a etimologia e o significado da palavra sororidade?

Derivado do latim soror que significa irmã, a palavra sororidade, conforme definição presente no dicionário infopédia, refere-se à relação de união entre mulheres, idêntica à que habitualmente se encontra entre irmãs. Diz respeito à solidariedade feminina, unindo mulheres com um mesmo propósito.

Parece poder atribuir-se a Katherine Murray Millet (1934-2017), escritora e ativista feminista americana, a difusão do conceito de sororidade, na década de 70, e é desde então amplamente utilizado.



Qual a importância deste tema na atualidade?

Desde os primórdios da humanidade que a larga maioria das sociedades se regia por um sistema patriarcal. De forma sumária, este sistema social destaca o homem enquanto figura de poder em todos os domínios, enquanto a mulher assume uma posição submissa, com direitos e deveres distintos. Já desde o período a.C. que o papel da mulher assentava na educação dos filhos e na gestão doméstica, tendo esta visão redutora da figura feminina perpetuado durante largos séculos.

A emancipação da mulher e defesa da igualdade de géneros têm anos de história, procurando libertar a mulher da tutela masculina, profundamente enraizada na cronologia da humanidade, como acima foi exposto. Continua, nos dias de hoje, a ser uma luta necessária visto que, apesar das evidentes conquistas ao longo das últimas décadas, as desigualdades entre géneros são ainda gritantes na sociedade nossa contemporânea.

É nesta contante e infelizmente ainda atual e necessária luta que a sororidade assume um papel de particular relevo. Mantenhamos no pensamento a célebre frase “a união faz a força”: é numa união de similares, mulheres com vivências semelhantes, sofrendo com os mesmos preconceitos impostos pela sociedade, que se avança em prol da mudança. É isto a sororidade, uma junção de forças no feminino em prol de uma demanda comum: o empoderamento, a emancipação e defesa da igualdade de direitos entre géneros.



E, nesta celebração do Dia Internacional da Mulher, que este conceito acerca do qual hoje escrevi vos rumine no pensamento e de que dele não se esqueçam. Que recordem a grandiosidade do percurso da mulher que tem arduamente batalhado para que hoje vocês, jovens mulheres que estais a ler este texto, possam estudar, trabalhar, votar ou até mesmo sair à rua sem serem acompanhadas. Recordem-se de que foi à custa da empatia e união de mulheres corajosas, determinadas e ambiciosas, que hoje podemos fazer tudo isto. No entanto, há ainda um longo caminho para percorrer em busca da igualdade de género e aqui vos digo, “de mulher pra mulher / e de igual para igual”, que somos fulcrais agentes de mudança, em união fraterna pelas mulheres de hoje e amanhã.


Ana Figueiredo

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