terça-feira, 8 de março de 2022

O Novo Paradigma De Mulher

Inês Graça

Faz parte da natureza humana, tanto no homem como na mulher, receber informação e sentir a necessidade de criar um sistema para a classificar. Como que arquivar informação que se relaciona e atribuir-lhe uma designação específica, um rótulo.

“Mulher” / “Criar” / “Rótulo”

São estas as palavras chave deste texto. Texto este onde exponho o novo protótipo de mulher - atenção! mulher, e não figura feminina. Não se trata da Laura de Petrarca, da “fada do lar” do século XX ou mesmo da tão atual “Cool Girl”, mas o próprio paradigma do não paradigma.

8 por 8

Afinal, quem é a mulher de hoje?

A menina introvertida e sensível.

A “maria rapaz” que joga futebol com os “100% rapazes”.

A rapariga que dá nas vistas com as suas gargalhadas a alto e bom som.

A sensata capaz de moderar qualquer conflito.

A que está a pedi-las por lhe apetecer ir dançar num sábado à noite e mostrar parte do corpo que esta sociedade teima em fazê-la esconder.

A futura senhora doutora e prodígio da família, que não toca numa pinga de álcool e ai dos seus alvéolos se contêm substâncias mais para o alcatrão do que para a hematose pulmonar.



Quando é que vamos perceber que nenhuma destas mulheres existe?

Quando é que vamos perceber que temos uma parte de cada uma delas em nós e é essa mesma semelhança que simultaneamente nos distingue e nos une.

Quando é que vamos perceber que o nosso maior dom não é sermos esposas ou mães, não é gerar vida, mas sim VIVER.

É o sonho, é a possibilidade de transpor esse sonho para a nossa vida.

É poder acordar a cada dia e ser-nos possível ser quem quisermos ser, vestirmo-nos como nos quisermos vestir, comportarmo-nos como nos quisermos comportar – na medida em que não desrespeitemos o outro ou a nós próprias.



Este novo paradigma declara que não há uma, mas somos uma.

Somos uma sendo muitas e todas elas muito diferentes.





Maria Inês Graça


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