segunda-feira, 25 de abril de 2022

Libertação

Nascida no final da 2ª guerra mundial e em plena época Salazarista desconhecia, bem como a maior parte do povo português, o que era a política, não sabendo distinguir entre ditadura e democracia.

Enquanto criança, desde cedo, e a partir da escola primária a nossa mente era preenchida, apenas, e só, com as obras com que o “Sr. Dr. António de Oliveira Salazar” engrandecia o país. Logo na 1ª classe, e no começo da aprendizagem da leitura, os textos terminavam “Viva Salazar!” Era-nos apresentado como um Deus salvador da Pátria. A sua obra era exaltada: abertura de estrada, construção de pontes, administração de ensino e um sem inúmeros de outros benefícios.

Vivíamos em ditadura. Todos os que se opunham ao regime eram presos, torturados, deportados e até mortos. Para isso, contribuía uma Polícia política denominada P.I.D.E. Era a polícia da defesa do Estado. 

Portugal ia do Minho a Timor, englobando todas as colónias que passaram a denominar-se, posteriormente por províncias ultramarinas: Guiné, Cabo Verde, Angola, Moçambique, India, Macau e Timor. De todos, sabíamos tudo. Era o nosso império! Mas o sentido de independência dos povos africanos fez rebentar a guerra do ultramar.

A resposta de Salazar foi: “- Para Angola já e em força!

Na rádio e televisão ecoavam os sons duma canção “Angola é nossa; Angola é nossa! Angola é Portugal!...” Todos os jovens militares foram mobilizados e obrigados a partirem para defesa desse ultramar desconhecido. Vi partir o meu marido, namorado de então, para a Guiné onde permaneceu 2 anos.

A morte de muitos deixou órfãos, viúvas e mães doridas.

No coração de muitos capitães começou a germinar a semente da revolta, da liberdade e da justiça e na noite de 24 para 25 de Abril de 1974 dá-se a revolução! A revolução dos cravos. Abrem-se as portas das prisões para os presos políticos, o povo sai à rua, rejubilante, canta-se a liberdade e as armas dos soldados são enfeitadas com cravos vermelhos.

Comemoram-se 50 anos de liberdade e democracia.

Viva o 25 de Abril!

Túlia Sá Correia


Sem comentários:

Enviar um comentário